SINOPSE:O Homem Duplicado conta a história de Adam, um professor de História que descobre a existência de um "sósia" chamado Anthony um dia, enquanto via um filme. A partir daí, ele é confrontado tanto por seu duplo quanto por si mesmo. O elenco conta com Jake Gyleenhal como Adam e Anthony, Mélanie Laurent, Sarah Gadon e Isabella Rossellini.
"Caos é a Ordem ainda não decifrada."
Com essa frase, começa a projeção de O Homem Duplicado, adaptação cinematográfica do livro O Duplo, de José Saramago. Ironicamente, essa é justamente a frase que resume todo o filme.
É importante começar esse texto dizendo três coisas:
1- Não sou crítico de cinema, então esse texto é apenas uma descrição das minhas impressões ao ver o filme.
2- Esse filme, assim como 2001 e outros trabalhos parecidos, tem a função de criar perguntas e fornecer algumas dicas para a criação das respostas na cabeça de cada pessoa que assistiu;
3- Não li o livro que baseou este filme, então não vou falar nada sobre adaptação.
O filme tem um apelo muito grande para o uso de signos (a aranha, presente no pôster, principalmente) e tem uma montagem que apresenta varias cenas curtas e aparentemente desconexas, "salvando" o espectador da loucura apenas com os seus diálogos e a boa diferenciação entre Adam e Anthony (palmas pra equipe de do design de produção e da maquiagem e para o bom trabalho do Jake Gyleenhal).
É um filme muito denso (pelo modo como aborda o mistério), mas também muito eficiente em não apresentar uma cena sequer sem importância. Com certeza, é filme que vale a pena ser visto.
Quero deixar aqui a minha interpretação do filme, falando sobre os iguais, a chave, a amante e as aranhas, mas só continue se você tiver realmente visto o filme. Ler a interpretação antes de ver o filme pode estragar bastante a experiência.
Não deve ser nenhuma novidade a ideia de que Adam e Anthony são o mesmo. O filme, pra mim, é uma guerra dentro de sua própria mente, com exceção às cenas com sua mãe, sua esposa e o clube.
Na conversa com sua mãe, ela diz que só teve um filho e que esse filho tem um emprego respeitável, um problema com mulheres, um belo apartamento e deve desistir dessa bobagem de se tornar um ator. Além disso, sua esposa o pergunta se ele "está vendo ela de novo", como a infidelidade fosse um costume do marido.
Uma foto é vista rasgada ao meio no apartamento de Adam, como se fosse uma foto de término de relacionamento e, depois, a mesma foto é vista inteira no apartamento de Anthony, o mostrando com sua esposa.
No clube, Anthony vê uma mulher gesticulando, como se fosse esmagar a aranha presente na cena. Depois, em um sonho, é vista uma mulher com cabeça de aranha. No final, o enigma é revelado da forma mais clara: A aranha, na verdade, é sua mulher, cuja rede de teias é a Ditadura das aulas de Adam, da qual Anthony quer escapar com sua chave da liberdade (do clube) para ser livre e saciar suas necessidades sexuais.
Adam cita Hegel em uma das aulas, dizendo que "Os maiores eventos acontecem duas vezes" e que Marx dizia que "A Primeira é a Tragédia, enquanto a Segunda é a Farsa". Essa é, provavelmente, a fala mais importante do filme. Ao término do filme, quando o Protagonista encontra sua aranha encolhida no quarto, a Tragédia acaba e se inicia a Farsa.
Passei a chamar de O Protagonista porque não existe uma identidade verdadeira. O Protagonista, pelas dicas da história, é construído por algumas partes de Adam e algumas de Anthony. Um mesmo protagonista que, de vez em quando, inicia uma guerra em sua própria mente.
É como diz o Protagonista em uma de suas aulas: "É tudo sobre o Controle".
Passei a chamar de O Protagonista porque não existe uma identidade verdadeira. O Protagonista, pelas dicas da história, é construído por algumas partes de Adam e algumas de Anthony. Um mesmo protagonista que, de vez em quando, inicia uma guerra em sua própria mente.
É como diz o Protagonista em uma de suas aulas: "É tudo sobre o Controle".