Sem se lembrar de onde veio ou até mesmo de quem é, Thomas acorda em uma clareira, sendo recebido por um grupo de garotos. Ao ser apresentado à sua nova realidade, Thomas passa a perceber coisas cada vez mais estranhas relacionadas ao lugar, que é rodeado por um misterioso e gigante labirinto.
Lost encontra O Cubo na literatura juvenil.
É muito perceptível, desde o sucesso (de mérito não discutível aqui) da Saga Crepúsculo, que os investimentos das grandes produtoras em adaptações cinematográficas de livros focados no segmento "Young Adult" (Jovem Adulto) vêm crescido velozmente. Graças a este tipo de iniciativa, alguns sucessos, como a franquia Jogos Vorazes, vêm trazendo temas de importante inserção e discussão nesse segmento, que normalmente não seriam buscados de outra forma por boa parte dos jovens que consomem esses conteúdos.
Maze Runner (não vou usar o título sofrível em português no meio do texto, me perdoe ou me processe) entra nessa onda e divide opiniões. Baseado no best-seller de James Dasher, o filme é dirigido por Wes Ball. No elenco estão Dylan O'Brien, Thomas Brodie-Sangster e Will Poulter. A trilha sonora é orquestrada por Jhon Paesano e, a fotografia, por Enrique Chediak.
A proposta e o início do filme lembram muito alguns dos suspenses/terrores mais famosos da cultura pop, como Lost, O Cubo e até mesmo Jogos Mortais. Ao nos colocar para ver o mundo através dos olhos de um grupo que não se lembra de nada ao chegar até ali, a sensação de estranhamento e não-pertencimento é total.
Da mesma maneira que em Lost, O Cubo e Jogos Mortais, a escolha do elenco favorece a imersão. Assim como não conhecemos aquelas personagens e aquele universo, não conhecemos também aquele elenco. É tudo diferente. A sensação de suspense talvez fosse menor se o protagonista fosse interpretado por Logan Lerman (Percy Jackson), por exemplo. Ele está marcado pela personagem, e em todas as cenas de tensão o pensamento seria simples: "Chama o Zeus aí, cara!"
Além do elenco bem acertado e com atuações dignas de seus papeis, a trilha sonora tem lugar de destaque no filme. As cenas de ação e de tensão são bem construídas do ponto de vista sonoro e o design de som para o labirinto e as criaturas que ali habitam está sensacional.
Em resumo, Maze Runner é um bom representante das adaptações da literatura Young Adult. Se apresenta como algo além da compreensão, como em Lost, mas depois muda seu tom naturalmente para um terror baseado em uma armadilha tecnológica, como em O Cubo, com umas doses de boa ação.
Sua ambientação, sua trilha sonora e sua trama intrigante têm um peso muito maior que a falta de presença de seu protagonista e que seu final, que ultrapassa os limites aceitáveis da didática, subestimando seu público.