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Vanessa, uma ex-bailarina e Rolland, um escritor, vivem uma crise no casamento. Em viagem pela França se hospedam em um resort litorâneo e, após trocas de experiências com funcionários do hotel e os turistas recém-casados Lea e François, tentam se acertar.
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O movimento de atores seguindo para os caminhos da direção e roteiro, em Hollywood, é mais comum do que parece. Regularmente vemos um ou outro se aventurando e saindo da zona de conforto, mas isso nem sempre é algo digno de comemoração. Nesta década, a atriz Angelina Jolie parece estar bastante empenhada em se estabelecer em outras áreas na produção de um filme, considerando que À Beira Mar (By the Sea) estreou a menos de um ano de distância de seu filme anterior.
Escrito, dirigido e protagonizado por Angelina Jolie (que assina como Angelina Jolie Pitt), o filme ainda conta com a presença de Brad Pitt, Mélanie Laurent e Melvil Poupaud. A excelente trilha sonora é coordenada por Gabriel Yared, a fotografia é dirigida por Christian Berger e os créditos de edição vão para Martin Pensa e Patricia Rommel.
O filme tem um clima muito pesado e melancólico, principalmente nos momentos em que o casal está reunido. Para isso, se apoia em planos longos e contemplativos. Porém, esse clima é explorado à exaustão, o que acaba prejudicando a obra. Por vezes, parece não fazer nenhum esforço para chegar a algum lugar. Suas duas horas de duração poderiam ser diminuídas facilmente para pouco menos de uma hora e meia. Enquanto o ritmo trabalha a favor da narrativa, não há do que reclamar. Mas há certos momentos em que a trama sai dos trilhos e começa a empacar. Eventualmente, o filme se torna bastante enfadonho. A impressão é de que, na edição, tudo que foi filmado foi aproveitado de algum jeito.
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Outro problema, dentro desse excesso de tempo ocioso, é o de o filme se render ao "falso necessário". Dentro do universo ali construído, por exemplo, sabemos que Vanessa passou por algo que a levou a ficar daquele jeito e a alimentar certos sentimentos. Sabemos que isso a fez um grande mal e que ela não gosta de falar sobre o assunto. Assim sendo, não há a menor necessidade se encerrar o arco dramático da personagem a fazendo dize-lo várias vezes em voz alta. Na ânsia por mostrar o máximo possível daquele casal, Jolie pesa a mão e apresenta motivações que funcionam muito melhor enquanto não são reveladas.
Jolie é muito ambiciosa em sua proposta e acerta muito bem na construção do casal. Mesmo sendo roteirista, diretora e protagonista, opta por mostrar a crise pelo ponto de vista de Rolland, o marido interpretado por Brad Pitt. A diretora faz um ótimo trabalho ao criar um homem devotado à sua mulher, que parece não entender o que está acontecendo, mas tenta fazer de tudo para consertar as coisas. É uma proposta que vai na contramão do que vem sendo feito, mas que é bastante pontual.
A trilha sonora, sem sombra de dúvidas, é o melhor aspecto do filme. Funciona bem ao nos posicionar quanto ao tempo, logo nos primeiros segundos, e funciona mais ainda ao criar uma atmosfera angustiante durante todo o longa. Funciona tão bem que reflete tanto o sofrimento pelo qual Vanessa passa quanto a confusão que atormenta seu marido. Palmas para o excelente trabalho de Yared.
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Parece existir um desconforto imenso entre Pitt e Jolie em cena. É meio preocupante que os dois pareçam ter mais química em Sr. e Sra. Smith do que aqui, em À Beira Mar. No início do filme este fator não incomoda (até porque o casal está em crise), mas mesmo nos momentos finais a impressão é de que estamos vendo uma peça de teatro. O texto, que tem diálogos nada naturais e fracos, deixa essa impressão de absurdo ainda mais forte.
À Beira Mar comete erros bobos, mas que acabam comprometendo bastante a relação entre o espectador e o filme. Ao tentar transformar a obra em algo mais angustiante do que já é, Jolie Pitt transforma um filme que tinha tudo para ser excelente em uma experiência interessante, mas não tão recompensadora.