O chefe de cozinha Adam Jones já foi um dos mais respeitados em Paris, mas deixa a fama subir a cabeça. Por causa do comportamento arrogante e do envolvimento com drogas, destrói a sua carreira. Ele se muda para Londres, onde adquire um novo restaurante e decide recomeçar sua trajetória do zero, na intenção de conquistar a cobiçada terceira estrela do guia Michelin. No caminho, conhece a bela Helene, por quem se apaixona.
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Filmes culinários são sempre gostosos de se ver. Geralmente têm tramas simples e bem humoradas, envolvendo metáforas aplicáveis ao trabalho e pessoas buscando autoconhecimento. Junte isso a uma trama básica de redenção e você já tem o início, o meio e o fim de Pegando Fogo (Burnt).
Escrito por Steven Knight, com base na história de Michael Kalesniko, o roteiro é dirigido por John Wells e estrelado por Bradley Cooper, Sienna Miller, Omar Sy e Daniel Brühl. Os créditos de música são de Rob Simonsen, enquanto a fotografia é dirigida por Adriano Goldman.
A própria relação do filme com o conceito de tempo é estranha. Vez ou outra, apela para montagens longas e totalmente irrelevantes para representar passagens de tempo e, nesses momentos, se aproxima de seu protagonista, considerado antiquado e até mesmo brega. Para falar sobre o passado, o roteiro se esconde por trás de uma desculpa esfarrapada de que o protagonista não se lembra das coisas (mesmo que ele diga várias coisas sobre o passado em suas narrações) para gastar a maior parte de seu primeiro arco investindo em diálogos expositivos. Essa narração, aliás, mesmo que justificada pelo caráter biográfico do filme, não se sustenta até o final e parece deslocada.
Todos os atores estão muito bem em seus papéis, mas a relação entre as personagens são constantemente confusas e contraditórias. A relação amorosa entre o protagonista e Helene não convence em momento algum, principalmente pela falta de química entre os atores e a pressa em desenvolver a relação dos dois. Além disso, alguns dos parceiros, que Adam faz parecerem essenciais, são transformados em figuras mudas e irrelevantes, que não chegam a ter cinco falas sólidas durante todo o filme. O próprio protagonista é tão raso que não consegue sequer causar qualquer tipo de reação em um momento em que sua vida estaria (supostamente) em perigo.
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Visualmente, o filme é muito agradável durante a maior parte do tempo, assim como a culinária pede de seus pratos. A mistura de cores, aliada à valorização dos movimentos e das transformações envolvidos no processo de preparação de pratos, é muito envolvente, transformando estes momentos nos melhores do filme. A trilha sonora passa quase despercebida, mas pontua bem alguns momentos.
O mais bizarro neste filme é, provavelmente, a aparente falta de um continuísta na equipe. Há no mínimo três momentos em que esta ausência fica escancarada na tela. São situações praticamente impossíveis de não se notar. A piada (totalmente de mal gosto), aqui, é que a história de uma pessoa extremamente perfeccionista é contada de forma desleixada. "Se não está perfeito, jogue no lixo", ele diria para John Wells, diretor do filme.
Sinceramente, não há muito mais a ser dito de Pegando Fogo. É um filme tão sem graça e sem tempero, que não chega a ser bom e nem ruim. Seu protagonista, muito provavelmente, o odiaria.