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Nesta temporada, o Doutor encontra inimigos cada vez mais antigos, que o alertam para um perigo iminente: a profecia de um Híbrido, que tomaria Gallifrey e se ergueria sobre suas ruínas.
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"I'm the Doctor. And I save people."
Doctor Who é uma das séries de TV mais longas da história, mesmo tendo passado alguns anos fora do ar. Iniciada em 1963, teve seu retorno em 2005 com a informação muito interessante sobre uma Guerra do Tempo, que teria acabado com os Daleks e os Senhores do Tempo, transformando o Doutor no último da sua espécie. Nove temporadas se passaram e sua jornada ao redor desse problema estabelecido parece estar tomando formas bastante... Ousadas.
Criada em 1963, a série foi revitalizada em 2005 sob o comando de Russell T. Davies e hoje tem Steven Moffat como showrunner. Como Doutor, essa temporada conta com a presença de Peter Capaldi, acompanhado de Jenna Coleman, sua companion. Além deles, nomes como Michelle Gomez e Maisie Williams ajudam a fortalecer o elenco. A direção, os roteiros e a direção de fotografia mudam de episódio para episódio, mas a excelente trilha de Murray Gold ainda é presente.
Um dos meus maiores problemas durante a oitava temporada e uma boa parte dessa nona era justamente a companion pior aproveitada da Série Moderna: Clara "Oswin" Oswald. Nesta nona temporada, principalmente, o Doutor se mostrava extremamente dependente dela, mesmo em situações que ele poderia resolver com a mão nas costas. Um dos motivos para isso foi o anúncio de que esta seria a última temporada de Jenna Coleman na série. Essa dependência atrasava o ritmo dos episódios e transformava o modo como víamos o próprio Doutor até que, como mágica, foi justificada narrativamente. É ótimo quando algo é tão bem construído, que transforma nosso jeito de ver aquelas coisas que não nos agradavam antes.
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O arco que permeia a temporada, desde a primeira história, é um mistério sobre uma profecia gallifreyana sobre uma criatura nascida de duas raças guerreiras, chamada "O Híbrido", que tomaria Gallifrey e se ergueria sobre suas ruínas. Sendo Doctor Who, várias teorias malucas surgiram a cada história em que uma nova criatura híbrida era apresentada para o mundo. Algumas chegavam a considerar criaturas que nem foram devidamente apresentadas na série moderna, como o Valleyard (que é uma conversa para outro dia). A resolução deste mistério foi surpreendente e bastante coerente, mas ainda deixou pontas soltas e deixou um gosto agridoce de problema não resolvido.
Uma novidade desta temporada em relação às outras da Série Moderna foi a estrutura. Tirando o episódio escrito por Mark Gatiss, Sleep No More, todas as histórias tiveram dois ou três episódios de desenvolvimento. Essa estrutura era muito usada na Série Clássica da série e dá muito mais potencial para suas tramas, uma vez que elas não precisam se resolver em meros 40 minutos. Mesmo que o segundo episódio não começasse exatamente onde o primeiro terminou, como foi o caso de The Girl Who Died/The Woman Who Lived, a sensação de passar mais tempo em cada situação nos dá a sensação de ver alguns filmes seriados. Espero que esta estrutura seja aproveitada nas próximas temporadas, já que ajuda a evitar conclusões precipitadas e resoluções corridas.
Dentro destes episódios, o destaque fica claramente para Heaven Sent, décimo primeiro episódio da temporada. Apesar de estar inserido entre o início e o fim do series finale, de três partes, o episódio chega a funcionar sozinho (tirando o final) para aqueles que gostariam de apresentar Doctor Who para pessoas novas. Existe uma constante atmosfera que mistura o luto do Doutor à confusão daquele momento, com um lirismo visto poucas vezes antes na série, desde 2005. Além disso, o episódio faz referência a vários conceitos e acontecimentos apresentados durante toda a temporada. Consegue se destacar facilmente dos outros, mesmo dentro de uma temporada tão regular e excelente.
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Indo na contramão da Era Matt Smith, que a princípio parecia querer existir de forma independente em relação ao passado da série, a nona temporada traz várias referências à mitologia imensa de Doctor Who, além de provocar constantemente inversões de valores dentro de seu cânone. Ao falar sobre o Master (a Missy, no caso), Davros e até mesmo sobre os companions do Doutor, falando sobre como inimizades de tanto tempo também são formas de amizade e reforçando a importância de ter seres humanos ao seu lado o tempo todo.
Essas reflexões levam o texto de Doctor Who a um nível que não se vê há muito tempo. Uma vez que ele finalmente está se encontrando, vemos o Doutor assumir uma personalidade cada vez mais sábia e filosófica, com frases que a princípio não fazem sentido, mas que vão se fixando na nossa mente no decorrer dos episódios. Em The Woman Who Lived, por exemplo, a conversa entre o Doutor e uma mulher imortal que quer acompanhá-lo lembra muito os diálogos entre Sandman e um homem transformado em imortal por uma aposta entre o Deus do Sono e a Deusa da Morte, no clássico quadrinho de Neil Gaiman.
Com muitos altos e poucos baixos, a nona temporada de Doctor Who é, sem dúvida, o ponto alto do run de Steven Moffat na série e talvez uma das melhores de toda a Série Moderna. Com uma estrutura sustentável, um elenco excelente, um Doutor complexo e várias quebras de paradigmas, a série consegue emocionar, intrigar e se aproveitar muito bem do formato da TV, com uma semana de intervalo entre os episódios, sem medo de exagerar. A temporada consolida a série como, provavelmente, uma das melhores em exibição atualmente.