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A CIA está preparando uma audaciosa operação para deter o grande líder de um cartel de drogas mexicano. Kate Macy, policial do FBI, decide participar da ação, mas logo descobre que terá de testar todos os seus limites morais e éticos nesta missão.
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Denis Villeneuve é um nome a ser anotado nas listinhas de diretores contemporâneos para acompanhar. Com uma filmografia relativamente curta, o diretor costuma apresentar em seus longas uma visão muito característica sobre a complexidade humana. Seus filmes possuem um caráter de despeito (ou respeito, dependendo do seu ponto de vista) à figura humana e têm uma forte carga emocional, construída de uma forma muito adulta e fugindo do melodrama que estamos nos acostumando a ver com diretores como Spielberg, por exemplo. Sicario: Terra de Ninguém é um excelente exemplo disso.
O roteiro é assinado pelo estreante Taylor Sheridan, dirigido por Denis Villeneuve e estrelado por Emily Blunt, Benicio Del Toro e Josh Brolin, entre outros. A fotografia é dirigida por Roger Deakins e a trilha sonora fica a cargo de Jóhann Jóhannsson.
As atuações são grandiosas em sua sutileza. Emily Blunt entrega uma protagonista segura de suas próprias ações, mas que não confia naqueles que a comandam. Seu andar decidido e suas ações precisas são muito bem contrapostos pelas suas feições, sempre apreensivas e desconfortáveis. Algo parecido acontece com Benicio: suas ações calmas e certeiras, aliadas a sua fala contida, e seu olhar sombrio constroem muito bem a personalidade ameaçadora e cheia de perturbações do passado de sua personagem.
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A trilha sonora segue esse exemplo. É quase imperceptível durante a trama, mas tem uma importância absurda nos momentos de tensão, levando o espectador à ponta da cadeira nos momentos em que aparece. Não segue a linha convencional de trilhas de ação, com acordes poderosos e invocativos, mas sim uma muito mais comum na área do suspense e tendo um efeito infinitas vezes mais eficiente.
Talvez esta seja a principal arma do diretor Villeneuve na construção da ação em seu filme: a substituição dos elementos típicos de ação pelos que são vistos comumente em filmes de suspense, mesmo que, aqui, sejam aplicados em cenas nas quais a "mesa já está posta". A intensidade da atmosfera vai crescendo a níveis absurdos, dando ao espectador a impressão de estar acompanhando uma bomba que começa a fazer mais barulho antes de explodir.
Outro fator muito interessante no filme é a completa falta de noção em relação ao que está acontecendo a longo prazo (ou o Grande Plano por trás da cortina), tanto da protagonista quanto do espectador. Mesmo que o filme, assim como os misteriosos chefes da operação, nos dê dicas o tempo todo, o verdadeiro motivo daquela missão e a figura do misterioso Alejandro permanecem como grandes incógnitas até o fim do filme. Isso se reflete muito no senso de impotência que a protagonista passa.
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Ao tentar humanizar o máximo possível as personagens, o diretor mostra que esta é uma guerra de todos. Seja do oficial do mais alto nível militar ou do trabalhador mais baixo na hierarquia dos cartéis, todos os envolvidos nesta guerra ao tráfico estão atolados até o pescoço. Para tal, retrata não só o drama dos policiais, que estão do lado da protagonista, mas também o cotidiano de pessoas que fazem parte do tráfico e precisam executar certas funções para conseguir dinheiro e se alimentar (ou até mesmo por motivos ainda mais urgentes). Por outro lado, esse esforço revela um nível de pessimismo vindo do diretor que vai muito além de uma camada superficial. Seu sentimento é profundo, complexo e não considera o ser humano como massa, mostrando que aquela situação se aplica a cada indivíduo, nos três lados da situação: os policiais, os traficantes e os espectadores.
Sicario não é apenas um filme excelente para aqueles que procuram uma tramas intrigantes, sequências brilhantes e um clima pesado e envolvente. Ele vai além disso e nos provoca reflexões sobre o Certo, o Errado, o Legal, o Ético e, acima de tudo, sobre a nossa própria condição e nosso posicionamento em uma realidade cuja crueldade parte de nós mesmos. Muito provavelmente estará em várias listas de Melhores de 2015.