![Master of None ccn cast](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4sEjqLlFWnfXU3Ie2EUfqQr0NCmgq-4ayfewGIVaB112B8y37JH6l1fgIxEneMoDoadQ0zymE3Tde3CR2ZBkdIMZ4_03wvUeX3PeKdJuroKSDgVPOmVDYE5NtmJJ3BUGRgRSa8_b3mtE/s1600/Master-of-none-capa.png)
SINOPSE
A série acompanha a vida, nos âmbitos pessoal e profissional, de Dev, um ator de 30 anos de Nova York que tem problemas para decidir o que quer comer, mas não para decidir qual caminho quer seguir para o resto de sua vida. Ambiciosa, divertida, cinematográfica e intensamente pessoal, a história de Dev o leva a mergulhar em diversos temas, desde direito dos idosos à rotina dos imigrantes em um país estrangeiro.
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Criada por Aziz Ansari e Alan Yang, Master of None é a mais nova aposta da Netflix em comédia. Com 10 episódios, a série é protagonizada pelo próprio Azis Ansari, que divide a tela com Noël Wells, Lena Waithe e Kelvin Yu, entre outros. A fotografia é dirigida por Mark Schwartzbard nos dez episódios e os créditos de música vão para Joe Wong, que é responsável por todos os episódios.
A série faz, o tempo todo, críticas bastante pertinentes sobre a sociedade. O destaque, claro, vai para o episódio em que a série aborda os problemas pelos quais as mulheres passam e que os homens não fazem nem ideia, desde não serem cumprimentadas devidamente até serem perseguidas pelas ruas, com medo e sem ter a quem recorrer. O episódio, intitulado "Ladies and Gentleman" (que poderia ser traduzido aqui como "Feministos"), ainda fala sobre o grande problema de nós, homens, apoiarmos o feminismo apenas quando é conveniente. É um episódio que pode e deve ser visto, mesmo quando tirado do contexto da série.
Além disso, existem várias outras críticas à indústria televisiva e cinematográfica, refletida nas situações pelas quais Dev passa como ator, seja quando impedem dois indianos de participarem da mesma série ou quando abordam a banalização da técnica interpretativa frente à "masturbação do chroma key", pela qual os blockbusters passam atualmente.
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Aziz Ansari é muito carismático, mas é absurdamente limitado. Suas duas únicas expressões são variações de um "ser humano desligado" e um "boneco elétrico em curto- circuito". Isso acaba atrapalhando um pouco a relação entre o espectador e sua personagem, Dev. O resto do elenco chega a segurar bem as pontas, principalmente com o aparecimento de alguns atores mais experientes na televisão, que são convidados para a série.
Master of None se apóia muito em momentos constrangedores para criar humor. Esses, provavelmente, são os melhores momentos cômicos dos episódios. A banalização do absurdo funciona muito bem e o elenco todo parece muito preparado para esses momentos, com destaque para Aziz Ansari, que parece ser feito para esse tipo de situação. É um tipo de casamento perfeito entre o clima da série e o ator, lembrando muito o que ele já fazia em Parks and Recreation. Infelizmente, essa fórmula é abusada e algumas personagens parecem tão impossíveis que são totalmente tiradas do plano da realidade e transformam a série em uma bagunça total. Arnold, um dos amigos de Dev, por exemplo, a princípio parece o "cara esquisito comum" que todo mundo conhece. Alguns episódios adiante, quando chega a hora de ser abordada de forma mais pessoal, a personagem se transforma em um mongolão sem personalidade e nem função narrativa. Chega a ser triste.
A estrutura da temporada é extremamente irregular. A princípio, parece uma mistura entre Louie e Friends, falando de temas sociais e retratando a vida de amigos que estão se acostumando com a vida adulta, mas se transforma em um romance indie de forma muito brusca. Os amigos todos são esquecidos e a temporada passa a falar apenas do romance entre Dev e Rachel. A irregularidade é tamanha que os dois últimos episódios funcionam de forma totalmente independente do resto da temporada. É como se existissem dois caminhos diferentes para a trama e, ao invés de escolherem um, pegaram metade de cada e consideraram como algo fechado.
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Um problema enorme causado por essa irregularidade é justamente a falta de credibilidade que o casal principal passa durante a temporada. Não existe nenhum momento, entre os oito primeiros episódios, que leve o espectador a se interessar e muito menos torcer pelo casal. Dev e Rachel funcionam muito melhor como amigos do que como namorados pela maior parte da temporada, evidenciando novamente a teoria de que existiam, inicialmente, dois planos (no mínimo) para a série.
Sinceramente, Master of None não chega nem perto de ser a melhor série de comédia original da Netflix. Sua estrutura é extremamente irregular, as atuações não são nenhum destaque e não existe nenhuma trama incrível que amarre os episódios. Por outro lado, o espírito despretensioso da série é extremamente convidativo, algumas reflexões muito importantes são colocadas em pauta e os episódios passam sem que você perceba. Pode não ser um fenômeno revolucionário, mas provavelmente é uma das coisas mais divertidas que assisti nos últimos dias.