O que aconteceu depois da destruição da segunda Estrela da Morte? Qual o destino dos remanescentes do Império Galáctico e dos antigos Rebeldes, agora responsáveis pela fundação da Nova República? Marcas da Guerra é o 1º livro do cânone oficial a mostrar o que acontece depois do clássico Episódio VI: O Retorno de Jedi, dando pistas sobre o que podemos esperar da nova trilogia que se inicia com O Despertar da Força. Nesse novo panorama galáctico, vamos descobrir que a guerra ainda não chegou ao fim... e que os traumas deixados por ela ainda serão sentidos por muitos e muitos ciclos. Capitão Wedge Antilles, almirante Ackbar, almirante Sloane, o garoto Temmin e a mãe, Norra Wexley, a caçadora de recompensas Jas Emari, o antigo agente imperial Sinjir: novos personagens e velhos conhecidos dos amantes da saga, que sempre estiveram envolvidos na luta, agora devem escolher o lado a que deverão jurar lealdade. Deverão colocar-se ao lado da Nova República, procurando estabelecer um novo governo democrático na galáxia? Ou juntar-se às fileiras imperiais, na tentativa de voltar ao poder absoluto depois das mortes de Imperador Palpatine e Darth Vader?
Em um ano de espera intensa por O Despertar da Força, sétimo episódio de Star Wars, foi idealizada a série de livros, jogos e quadrinhos intitulada Jornada Para Star Wars: O Despertar da Força, que traz material inédito e parte do novo cânone estabelecido pela Disney. Entre todos os produtos lançados, apenas Star Wars: Marcas da Guerra (Aftermath), o primeiro volume de uma trilogia, se passa no período entre os episódios VI e VII, trazendo possíveis pistas sobre o novo filme e sobre o caminho a ser seguido pela franquia.
Escrito por Chuck Wendig, autor já publicado mas, até então, relativamente desconhecido, Marcas da Guerra dividiu opiniões. O livro traz duas mulheres e um homossexual entre seus protagonistas e possui uma escrita frenética e diferente, o que causou revolta entre alguns fãs conservadores, ainda que tenha tornado a galáxia muito mais diversificada e representativa. Outra causa de reclamações é a ausência dos personagens principais dos filmes e a falta de informações objetivas sobre a trama de O Despertar da Força.
A proposta é acompanhar novos protagonistas na guerra entre os resquícios do Império e a Nova República, antiga Aliança Rebelde. É isso que o livro faz. Não existe uma lista do que esperar da nova trilogia cinematográfica. Não existe uma introdução dos novos personagens dos filmes. Existem elementos sobre a galáxia que podem vir a ser pistas. E isso, por si só, já é interessante para o fã.
As personagens apresentadas, inclusive as secundárias, vão muito além da representação pela representação: têm personalidades, histórias próprias, maneirismos na fala, características emocionais e mentais. É possível uma conexão emocional com todas as personagens, até mesmo (e, em alguns casos, principalmente) com as que aparecem nos interlúdios, capítulos pequenos que retratam pontos de vistas diferentes espalhados por toda a galáxia (talvez estejam nesses capítulos as maiores pistas sobre o que nos aguarda nesse novo filme). São mulheres, homens, crianças, aliens, héteros, gays, vilões e mocinhos apresentando um universo agora muito mais crível e diferenciado.
A narração de Wendig é ágil, o enredo é bom e a leitura é dinâmica. Obviamente é necessário ter visto os filmes para entender a trama, mas os méritos da obra independem da franquia. O estilo do autor é único e a forma que ele escreve é uma novidade muito agradável. Isso tudo combinado ao clima digno de um Star Wars.
Marcas da Guerra diverte o fã e faz um trabalho maravilhoso em amarrar as pontas das duas trilogias de filmes já existentes, criando uma ideia de continuidade que por vezes falta na franquia. Chuck Wendig teve o cuidado de fazer diversas referências à mitologia de Star Wars, prestar homenagens a elementos conhecidos na cultura pop (por exemplo a famosa frase do Almirante Ackbar,“It's a trap”) e mencionar pontos chaves da história criada por George Lucas. O resultado é uma obra de fã para os fãs.
Com uma escrita singular, uma ambientação muito boa, personagens ótimas e, principalmente, trechos de tirar o fôlego, Marcas da Guerra é um dos melhores livros do universo expandido. Definitivamente aumenta a hype em cima do Episódio VII: O Despertar da Força sem entregar o roteiro. Se a Disney manter esse padrão de qualidade, cada segundo de espera terá valido a pena.