SINOPSE O filme Rio 2 continua a história de Blu e Jade (Jewel), agora pais de três pequenas araras azuis. Ao se depararem com a descoberta de um bando de Araras Azuis, Jade e Blu juntam familia e amigos em uma viagem pelo Brasil rumo à Amazônia.
A Era do Gelo 2 e Entrando Numa Fria se encontram na Amazônia.
Meu contato com Rio foi bem tardio, por um pequeno fato: Rio (2011), conta a mesma história que A Era do Gelo 2 (2006), que também é produzido pelo Estúdio Blue Sky e dirigido por Carlos Saldanha. A trama do "personagem que pensava ser o último da espécie, mas encontrou uma parceira com estilo de vida quase oposto ao seu" foi repetida, em menos de dez anos, por um estúdio e um diretor que faz poucos filmes. Isso me incomoda um pouco, confesso.
Rio 2 vai ainda mais longe. Além de continuar a história já clichê do primeiro filme, decide investir em mais uma trama de grande sucesso: a do rapaz que vai conhecer a família da namorada e é sempre excluído por ser diferente, até que algo acontece e essa diferença o ajuda a se sobressair e resolver os problemas.
Mas nem só de clichês vive Rio 2.
O filme, ainda sob direção de Carlos Saldanha, mostra uma preocupação maior que a do seu antecessor em mostrar as belezas do Brasil e em tentar se afastar das imagens preconceituosas de que aqui convivemos o tempo todo entre passistas seminuas e furtos de macacos.
Além disso, o conjunto visual construído a partir das danças das aves, apesar de não inovar em relação ao primeiro filme, traz uma beleza quase paradisíaca em alguns momentos.
É engraçado como, em meio a tantos clichês, a história melhor adaptada neste filme seja a que é menos levada a sério. A paródia da desventura de Romeu e Julieta, encenada pelo vilão (e também artista) Nigel e sua fiel e apaixonada escudeira Gabi, talvez seja a mais interessante das propostas para desenvolvimento de personagens.
Aliás, o próprio retorno de Nigel, que muito me incomodou inicialmente, é um dos maiores acertos desta sequência. O vilão, que busca vingança por ter caído em desgraça no primeiro filme, se torna ainda mais interessante e tridimensional que os outros personagens e rouba a cena com muita facilidade. Impossível não lembrar do vilão Scar, de O Rei Leão (1994).
Para terminar, é preciso elogiar a mensagem que o filme passa. Mesmo que a execução não seja exemplar, a iniciativa de alertar para algumas das questões de risco para os animais é bem interessante. Neste ponto, o segundo filme supera o primeiro: ao falar sobre o desmatamento, problema não só da fauna brasileira, aborda uma questão de muito maior urgência que o contrabando do primeiro.