SINOPSE Na primeira aula de filosofia do Semestre, o professor Radisson diz a a seus alunos que escrevam num papel um atestado de que Deus está morto.Josh Wheaton é um cristão que se recusa a escrever e, para não reprovar o semestre, recebe o desafio de provar e convencer a turma de que Deus não está morto.
Cristão é bom e ateu é mau.
Muito barulho se fez sobre a ideia de um filme que parecia propor um debate filosófico sobre a possível existência de Deus. De repente, o mobiliário urbano de nossa cidade estava cheio de pôsteres do filme, que foi para as telas do cinema e Netflix.
O filme é dirigido por Harold Cronk. No elenco estão nomes como Kevin Sorbo (Hércules), Dean Cain (Super Homem) e Shane Harper. A fotografia está a cargo de Brian Shanley e, a trilha sonora, de Will Musser.
"O que a ciência acha sobre a existência de Deus?""O que a religião acha sobre a teoria do Big Bang?" "De onde viemos? Para onde vamos?"
Essas são várias das questões levantadas quando se pensa filosoficamente sobre a existência de um Ser Superior. Mas danem-se elas. Esse filme revoluciona tudo e, tirando alguns momentos em que menciona de longe essas questões, o filme as ignora totalmente. E por que faz isso? A resposta é simples: ele já tem A Resposta.
A resposta é simples: só há um Deus e ele está muito vivo.
E impossível esconder a frustração. Um filme que poderia ser um ótimo fomentador de discussões, a ser usado em sala de aula e apresentado como base de estudos, mostra sua real aspiração logo em seus primeiros minutos.
Usando uma fotografia plástica e incômoda, como aquelas simulações que vemos em programas sensacionalistas e propagandas da Polishop, o filme logo mostra, também, sua falta de preparo.
Na verdade, seria realmente falta de preparo ou apenas de interesse? O texto do filme tem caráter de folhetim, sem ligar para áreas cinzentas referentes a crença ou qualquer coisa do tipo. Apresenta um discurso safado, preguiçoso e chauvinista sobre a superioridade do Deus Vivo e seus seguidores cristãos sobre todos os outros.
Além da história do protagonista, o filme apresenta alguns dramas paralelos, como o da jovem muçulmana que entende que Jesus Cristo é o único salvador, mas é oprimida, agredida e humilhada por seu pai, que segue outra religião (logo é malvado) e não aceita o Nosso Senhor. Para completar o circo, existe um drama da namorada do Professor Maligno, que é humilhada por ele e seu círculo de amigos ateus, também malignos, que aproveitam jantares para maltratar a pobre coitada também.
É muito ridículo, da parte de alguém que pretende comunicar algo, o uso de um discurso tão infeliz quanto o deste filme. Chauvinista, unilateral e agressivo (a redundância é necessária), o motivo da existência do filme é a afirmação de que os cristãos são melhores que os muçulmanos, os budistas e, claro, os ateus.
Estes últimos, aliás, pelo menos têm salvação: nos últimos instantes de filme, o Ateu Malvado se vê de frente à morte, se amedronta e aceita o Senhor como seu Salvador, garantindo o direito de morrer em paz e ser feliz por toda a eternidade. Ateu bom é ateu (quase) morto.
A trilha sonora, a atuação de Sorbo, e as apresentações em Power Point do garoto principal geram alguns momentos de sobriedade no filme, impedindo que este seja o pior de todos os tempos.
Por outro lado, frases como "Sem Deus, não há motivo para a existência da moralidade" só mostram o quanto o filme é imbecil em sua proposta e infeliz e manipulador em suas colocações. Garante, no mínimo, seu lugar entre os piores filmes que já vi na vida.