A história do filme gira em torno de Saori Kido, uma jovem que descobre ter um misterioso poder. Ao lado dos jovens cavaleiros de bronze Seiya, Shiryu, Hyoga, Shun e Ikki, Saori deve ir ao Santuário retomar seu lugar como Atena, a deusa protetora da Terra. Porém, para chegar á sala do Grande Mestre, aquele que tentou matá-la quando bebê, os cavaleiros de bronze e Saori deverão passar pelas 12 Casas protegidas pelos incríveis cavaleiros de ouro.
A nostalgia é um diabrete que se alimenta de frustrações.
Ah, a infância. Época em que os desafios eram mais simples, os sorvetes tinham mais sabor e o kinder ovo custava menos. Época em que tínhamos as manhãs ou tardes livres e podíamos passar algumas horas assistindo aos desenhos que, por meio de armaduras fantásticas ou cabelos que mudam de cor, nos apresentariam alguns dos heróis que permeariam nosso universo cognitivo.
Ora, nossos desafios de antigamente parecem mais simples agora, porque antigamente nós mesmos éramos mais simples. A nossa atual complexidade e a pressa matam nossos paladares, fazendo nossos sorvetes parecerem menos saborosos.
Animes como Cavaleiros do Zodíaco e Dragon Ball Z, para muitos têm valores imensos, tanto por terem sido seus primeiros contatos com a cultura oriental, como por recordarem a maravilhosa infância. Mas será que não deveríamos deixá-los enterrados no baú da lembrança?
Quando a distância é longa e o tempo é curto, a velocidade é suspeita.
Quando foi anunciado que Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda do Santuário seria um filme de uma hora e meia que serviria como um reboot para a famosa Saga do Santuário, as opiniões ficaram divididas. Alguns ovacionaram a ousadia envolvida em trazer uma releitura de uma história tão importante para toda uma geração a um novo formato, enquanto outros temiam o desastre que seguia, tentando encarar com otimismo.
Considerando que a Saga do Santuário fora lançada no Brasil há exatamente 20 anos atrás (no Japão há 28 anos) e que as crianças que eram fãs, atualmente já não são mais tão crianças assim, o que se esperava desse novo formato era, no mínimo, um filme sério, bem produzido e com batalhas épicas; um longa-metragem que tivesse evoluído junto a seu público; uma homenagem àqueles vibraram com os Cavaleiros de Bronze a cada desafio superado.
E se você já assistiu o filme, sabe que não foi isso que aconteceu. A "comédia" é desnecessariamente extrapolada. Seiya é um galhofeiro, o (Capitão) Máscara da Morte parece um palhaço, tem tanta piadinha no filme que chega a causar uma certa impaciência. Perde a graça, perde o tom. É quase um insulto ao anime, que sabia levar seus momentos a sério.
Conforme alguns haviam previsto, obviamente, transformar 73 episódios de 20 minutos em um filme de uma hora e meia, não deu certo. Por um lado é compreensível que o Cavaleiro de Ouro se entregassem mais rapidamente ao lado de Atena e os Cavaleiros de Bronze, por outro lado é frustrante ver batalhas de um minuto e meio, onde cada cavaleiro usa seu golpe especial basicamente uma vez e resolve a situação. É triste ver batalhas épicas omitidas, e personagens importantes como Afrodite de Peixes fazendo participações especiais de 20 segundos.
Fora a impressão de que, em alguns momentos, estávamos jogando um game de Playstation 3, a releitura do visual não ficou de todo mal. A cara de animação feita à mão foi abandonada, e substituída por uma modelagem 3D, que deixou os personagens meio estranhos, mas valorizou as armaduras. Elas não são mais carregadas em mochilas quadradas, são invocadas do além por colares que se assemelham a Dog Tags. Visualmente estão lindas, e possuem um novo modo de capacete motherfucker.
É possível ouvir o som de cada peça da armadura se conectando ao cavaleiro, dá pra reparar no tintilar que elas fazem a cada passo dado, mas a música é quase irrelevante. Faltou aquela trilha sonora empolgante, não tivemos nem Pegasus Fantasy tocando nos créditos.
O destaque então vai para o estúdio de dublagem brasileiro, que resgatou todos os dubladores originais da Álamo respeitando ao máximo os fãs. É deveras nostálgico ouvir "Execução Aurora", dentre outros, com as vozes que estávamos acostumados a tantos anos atrás.
Enfim, é com grande pesar que fazemos essa crítica a Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda do Santuário, que poderia ter sido muito bom, se houvesse ao menos meia dúzia de fãs dando pitaco no roteiro e na produção. Não se entende, basicamente, se o filme é para os antigos fãs (porque há coisas no filme que só se justificam com o argumento "já tinha no anime"), ou para as crianças da Nova Geração.
Aliás, se o objetivo é falar com os nostálgicos frustrados, terminaremos esta critica com uma frase que o filme não exibiu (mais uma vez, a pergunta: o filme era mesmo para os fãs?), talvez por não querer diminuir o tempo precioso da "ótima música-tema" do (Capitão) Máscara da Morte: "Me dê sua Força, Pégasuuuuus!"
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