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Desesperado por emprego, o mau caráter Louis Bloom se embrenha para o ramo de venda de filmes para programas de "jornalismo criminal". Durante sua jornada, ele percebe que, para se destacar e crescer em pouco tempo, algumas regras precisam ser quebradas.
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"Corta pra mim!"
Quem nunca ouviu essa frase, seja enquanto assistia à televisão ou quando ouviu alguém parodiando um certo apresentador de "telejornal" de uma certa emissora? Se você acabou de fazer uma cara de estranhamento e disse "eu...", saiba que te invejo.
Há muito tempo convivemos com algo chamado comumente de Indústria Marrom, que consiste na monetização da morte e da desgraça. Além disso, aposta no pior do ser humano: com abordagens gráficas e sensacionalistas, trata o sofrimento como entretenimento para seu público mórbido e usa o jornalismo como disfarce para a veiculação de tragédias e angariação de audiência. E é justamente dessa Indústria Marrom, cada vez mais incorporada à nossa programação televisiva, que O Abutre (Nightcrawler) faz um retrato patológico, crível e, infelizmente, contemporâneo.
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Escrito, dirigido e montado por Dan Gilroy, o filme é protagonizado por Jake Gyllenhaal, que divide tela com Rene Russo, Bill Paxton e Riz Ahmed. À frente do departamento de música está James Newton Howard e Robert Elswit é responsável pela fotografia.
Você pode conhecer Jake Gyllenhaal por vários projetos extremamente diferenciados, como Donnie Darko e O Príncipe da Pérsia (Prince of Persia), mas uma coisa precisa ser estabelecida sobre o ator: Jake está cada vez mais presente em filmes mais sérios e complexos (como foi o caso em O Homem Duplicado) e sua atuação e entrega para cada papel acompanha o nível de seriedade e qualidade dos projetos aos quais ele tem se associado. Fique de olho na carreira desse cara!
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Aqui, em O Abutre, não é diferente. Magro a ponto de ter a fisionomia bastante alterada e com um empréstimo de trejeitos sutis, mas sólidos, ele consegue formar um protagonista com o qual se pode simpatizar e, ao mesmo tempo, estranhar.
O filme tem uma parte sonora que é sensacional, com trilhas que refletem mais o estado de espírito da personagem do que a situação, propriamente dita. Quanto à parte visual, não existem grandes méritos, considerando que o que é feito é o que precisa ser feito, sem ser abaixo ou acima do esperado.