Sob o Mesmo Céu

SINOPSE
Um militar  que está em uma fase ruim recebe a chance de retomar sua carreira no Havaí. Enquanto busca a redenção profissional, ele também tenta colocar um ponto final em um antigo amor, além de ter que lidar com sentimentos inesperados por sua parceira no projeto, uma promissora jovem da Força Aérea.

O cineasta Cameron Crowe é muito conhecido por seus filmes icônicos, geralmente muito marcantes por possuírem lições de vida, temas catárticos ou grandes celebrações da Cultura Pop, como Vanilla Sky e Quase Famosos. É uma pena que Sob o Mesmo Céu (Aloha) não tenha nenhuma dessas características.

Escrito e dirigido pelo cineasta já citado, o filme tem um grande elenco. Bradley Cooper, Rachel McAdams e Emma Stone estão entre os principais nomes. Eric Gautier é o responsável pela fotografia, enquanto a dupla Jon Thor BirgissonAlex Somers cuidam da trilha sonora, creditados como Jónsi & Alex.

É claro que, com o elenco que tem, o filme logo chama a atenção para este aspecto. A maioria das atuações está muito boa e as personagens são suficientemente carismáticas. Apesar disso, é por pouco que algumas não escorregam para o dispensável. A personagem de McAdams, por exemplo, é totalmente desinteressante, se comparada à de Emma Stone, que tem praticamente o mesmo peso narrativo em relação ao protagonista Bryan, personagem de Cooper.


A dinâmica entre as personagens é interessante. Bradley Cooper funciona muito bem com todos que giram a seu redor. O ator tem muito carisma e a maioria dos que dividem a tela com ele também o tem. Mas apesar de todas as relações estarem ótimas, a química entre ele e Emma Stone (não apenas de forma romântica) é muito forte e envolvente. Menção honrosa para a relação entre ele e John Krasinski, que se comunicam mais por gestos e olhares do que por fala (gerando uma ótima piada, no fim das contas).

Por outro lado, a dinâmica entre as personagens entre si, quando não estão orbitando a figura de Bryan, é deficiente. A família de Tracy, personagem de Rachel McAdams, é totalmente disfuncional, mas não parece ser assim de propósito. O caráter das pessoas é levado à contradição a todo momento, mas isso não parece ter o menor efeito narrativo. A impressão é de que mais de uma pessoa teve voz ativa no roteiro em partes diferentes e sem a menor ordem, criando um texto esquizofrênico.

A trama talvez seja a mais séria de Cameron Crowe desde Vanilla Sky. Talvez por causa disso, essa também é a mais perdida de todas. A missão de Bryan, apesar de parecer muito importante a princípio, não passa de um pano de fundo muito mais complexo do que precisava ser. Muito tempo é investido em diálogos de exposições e negociações que não são levadas com a mesma urgência que parecem ter em um primeiro contato.


O contexto de época permite que ele brinque com o próprio formato. A abertura, por exemplo, apresenta vinhetas antigas dos estúdios responsáveis pelo filme, iniciando a história com uma piada e, ao mesmo tempo, colocando o espectador no clima do que ele está prestes a ver. É uma pena que, logo em seguida, para reforçar a ideia, exista uma projeção longa e desnecessária envolvendo várias imagens aleatórias sendo exibidas em formato de 4x3.

Em resumo, Aloha não se contenta em ser o filme mais fraco de Cameron Crowe, então faz questão de ser, também, um dos mais ambiciosos. A lição que aprendemos é que é melhor levar uma trama despretensiosa de maneira fantástica do que levar uma trama complexa de maneira insuficiente.


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