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Macbeth é um general do exército escocês que trai seu rei após ouvir um presságio de três bruxas que dizem que ele será o novo monarca, se colocando na mesma posição que sua vítima. Ele é altamente influenciado pela esposa Lady Macbeth, uma figura manipuladora que sofre por não poder lhe dar filhos.
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Em um ano tão dominado por blockbusters, é difícil ver projetos mais ousados e autorais se aventurando pelo circuito comercial. Encontrar coisas diversificadas dentro das salas comuns de cinema é uma tarefa cada vez mais difícil, principalmente depois do ressurgimento de várias franquias bilionárias. Nesse cenário, Macbeth: Ambição e Guerra é uma grata surpresa.
O roteiro foi adaptado a seis mãos, com base na peça de William Shakespeare, e dirigido por Justin Kurzel. O elenco conta com nomes como Michael Fassbender, Marion Cotillard, David Thewlis e Sean Harris. A fotografia é dirigida por Adam Arkapaw, enquanto os créditos de trilha sonora são de Jed Kurzel.
Aviso aos navegantes: Macbeth não é apenas um filme com base na obra homônima de William Shakespeare. O filme é praticamente uma transposição (muito bem feita) do texto teatral para a tela. Isso tem uma influência muito grande no ritmo do filme, que traz a cadência teatral em sua base e se torna, algumas vezes, até mesmo monótono.
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Essa transposição se reflete até mesmo nos diálogos, muito clássicos e floreados, que são lembranças constantes das intenções de Kurzel injetadas na obra. Os que não esperam por isso ou que não se interessam por esse tipo de abordagem devem ficar incomodados do início ao fim, enquanto os mais familiarizados devem aproveitar cada uma das linhas de diálogo, dignas de livros de citações (algumas delas são famosas, inclusive).
Macbeth apresenta elementos conhecidos mesmo para aqueles que não conhecem a peça de Shakespeare. Por ter uma história relativamente simples, o filme se desenvolve sem pressa, pontuando as personagens e suas motivações de forma poética e formal. O contexto histórico no qual o enredo está inserido permite o flerte com o sobrenatural de forma orgânica e a forma como esse elemento foi inserido no filme ajuda muito na assimilação de informações desse tipo (afinal, se os momentos sobrenaturais não funcionassem, o filme inteiro iria para o buraco).
O regicida cujo nome intitula o filme é um homem complexo, cheio de demônios e duelos internos, que se pega em contemplação em vários momentos. Michael Fassbender consegue passar muito bem o peso que o protagonista carrega, assim como Cotillard tem a desenvoltura para carregar Lady Macbeth, uma mulher cujas ações importam mais do que o próprio nome, durante todo o filme. O resto do elenco também está muito afinado, com destaque para Sean Harris.
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A fotografia é, disparado, o aspecto mais marcante deste Macbeth. Como o filme se apóia muito em planos longos e contemplativos, Arkapaw aproveita para entregar o seu melhor em questões de estética, alinhando as paisagens escocesas ao tom caótico e, de certa forma, apaixonado que a obra tem. Extrapola o plano do real, muitas vezes, abandonando o cinza e partindo para o vermelho (e até mesmo o laranja) em pontos-chave do filme. É seguro apostar em sua presença em premiações. A trilha sonora, coordenada pelo outro Kurzel, segue a mesma linha de sucesso da direção de fotografia, se fazendo muito presente dentro da trama. Tal qual no teatro, a música trabalha muito os momentos de tensão e de misticismo.
Macbeth: Ambição & Guerra é um filme muito específico, com características marcantes que devem agradar a poucos. Sua fotografia e sua trilha sonora, por outro lado, têm um potencial gigantesco, tanto dentro do que se propõem quanto quando observadas fora de contexto.