The Ridiculous 6

SINOPSE
Para resgatar seu pai fora da lei, Tommy "Faca Branca" Stockburn parte em uma jornada através do velho oeste com cinco irmãos que ele nem sabia que existiam.




A Netflix apostou todas as suas fichas no quesito qualidade logo em sua primeira produção original, a série House of Cards. Uma vez que a empresa estava testando um novo formato de distribuição, não poderia correr o risco de falhar por falta de interesse do público, seja por motivo técnico ou criativo. Com o sucesso além do esperado, a Ruiva passou a investir em várias outras séries, documentários e, mais recentemente, longa-metragens, mostrando outra vez um grande potencial com Beasts of No Nation, seu primeiro filme original.

Todo esse histórico nos leva a algumas perguntas: o que aconteceu em The Ridiculous 6? Seria a Netflix testando justamente o contrário? "Como seria a aceitação do público se fizéssemos um filme pastelão e sem compromisso?", já que agora, com formatos bem definidos, o objetivo da empresa passou a ser a diversificação do seu catálogo, conforme afirmou José Padilha (produtor de Narcos) em entrevista.

Claro que isto é apenas um chute (ou uma esperança) para tentar explicar como uma produção tão ruim foi levada adiante. Frank Coraci (Click) foi o responsável pela direção do filme, Tim Herlihy e Adam Sandler trabalharam em parceria com o roteiro, o próprio Sandler (muitos filmes bobos) atuou ao lado de Jorge García (Lost), Terry Crews (Os Mercenários), Taylor Lautner (Crepúsculo), Rob Schneider (outro com um bela lista de filmes bobos) e Luke Wilson (Tudo em Família). O diretor de fotografia Dean Semler (O Último Caçador de Bruxas) é um dos únicos que realmente merecem destaque, é o cara que se esforça para tirar uma moeda do fundo do poço.



The Ridiculous 6 tenta ser uma paródia "engraçaralha" dos famosos faroestes (westerns) de antigamente, literalmente ridicularizando estereótipos. Porém o tal "humor" é tão leviano e desinteressante que mal consegue fazer o espectador emitir um "hehe" durante o filme. São apenas 6 patetas fazendo idiotices, ao melhor (e mais forçado) estilo "besteirol americano".

Adam Sandler foi infeliz no roteiro ao tentar demonstrar que é capaz de interpretar um personagem mais "sério", enquanto transformou os outros 5 heróis em completos idiotas. Uma auto-afirmação desnecessária, já que o próprio filme não se leva a sério em momento algum. Outros instantes de infelicidade são as piadas feitas em cima do personagem de Terry Crews, pelo fato dele ser negro, e das mulheres do filme que, além de não possuírem nenhuma relevância concreta, possuem nomes que denigrem sua imagem, como "Nunca Usa Sutiã" e "Hálito de Castor" (o que, dentre outras coisas, acaba ofendendo também as tribos indígenas). É realmente difícil de compreender o que aconteceu, visto que há uma preocupação na maior parte das produções originais da Netflix em defender os interesses sociais de alguma "minoria".



Talvez nem seja preciso dizer o quanto o enredo é linear e insosso, contudo o mais frustrante é observar a qualidade da fotografia e do design de produção: tudo é muito bem ambientado. Se todo este esforço técnico (tirando os efeitos especiais propositalmente toscos) fosse empregado para criar um longa mais sério, seria algo incrível de se ver. Provavelmente iria atrair tanto os amantes dos faroestes quanto pessoas que não acompanharam essa onda.

Enfim, The Ridiculous 6 ultrapassa a barreira de "filme para ver sem pensar" e atinge o nível "filme que talvez você não deva assistir". É triste admitir que Ruiva decepcionou desta vez. Se Beasts of No Nation foi um ponto a favor dos longas da Netflix, agora o placar está zerado. O jeito é torcer pela próxima produção.
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