Lucy


SINOPSE
A inocente Lucy é obrigada, por um grupo de traficantes chineses, a transportar drogas em seu estômago. Por acidente ela acaba absorvendo as drogas, o que libera o uso de toda sua capacidade cerebral, conferindo a Lucy poderes e conhecimentos sobre-humanos.


10%

"Qual a chance de um filme com a Scarlett Johansson e o Morgan Freeman ser ruim?", foi a pergunta que me fiz no início do filme e, mais uma vez, confirmei que a expectativa é um pequeno monstro que não deve ser alimentado. O filme foi escrito e dirigido por Luc Besson e é um dos maiores filmes franceses em orçamento de produção.

Quem está esperando chegar no cinema e ver a Viúva Negra com superpoderes pode se decepcionar um pouco. O enredo é meio confuso e o foco do filme não é Lucy lutando conta a máfia chinesa. Aparentemente, isso é apenas uma desculpa para que a história se desenvolva.

A abordagem do enredo parece querer apresentar questões filosóficas e ao mesmo tempo científicas como: "o que realmente é a vida?"; "o que sabemos e que consideramos verdade?"; "de onde viemos e por que estamos aqui?". À primeira vista parece muito interessante e até seria, se essa discussão não fosse apresentada junto a uma pseudociência safada, que já começa com aquela velha história que nós usamos apenas 10% da capacidade do nosso cérebro (veja sobre esse mito aqui).


30%

O problema de se basear um filme todo em uma premissa falsa, é que isso acaba deixando o espectador na dúvida: "será que os outros fatos científicos também são falsos?". Eu sei que é apenas uma obra de fantasia, mas Lucy é um filme que acaba não tendo uma base forte nem na ação e nem na ficção científica.

Ainda assim, o filme acerta em algumas questões filosóficas interessantes, com destaque para essas duas: "o papel de cada célula é transmitir conhecimentos e é graças a isso que podemos evoluir o tempo todo, tanto física quanto socialmente"; e que "o tempo é a única verdade absoluta na nossa existência, pois para O Infinito não somos nada".

O diretor parece estar frequentemente perdido na personagem: Lucy mata ou desacorda inocentes, mas não se incomoda em deixar os mafiosos vivos, acordados e saudáveis. Com 30% de controle do cérebro ela é superpoderosa, mas, quando chega a 60%, aparenta ter esquecido tudo o que pode fazer. Volta e meia acontece uma cena-furo-de-roteiro-inexplicável.


60%

A fotografia em dados momentos lembra (bem de longe) Matrix, quando Neo ganha superpoderes e passa a controlar o universo a sua volta, mas no caso de Lucy, está longe de ser algo fantástico, ou de possuir alguma cena que será lembrada. Quanto à música, o filme não possui um tema e nem efeitos sonoros que chamem a atenção.


Um ponto muito bacana é quando Lucy se depara com a criação do universo, antes mesmo do big bang, que é retratada com vários corpos celestes indo em direção a uma grande quantidade de massa, algo parecido com espermatozóides correndo em direção ao óvulo. Isso nos faz pensar que nós somos apenas "células" de um organismo muito maior e que em cada um de nós, existe um universo particular.


90%

Um contraponto negativo é o momento em que Lucy defende uma teoria que diz que as células, ao habitarem um ambiente amigável, optam pela reprodução, para continuar transmitindo seus conhecimentos. Mas, quando estão em um ambiente hostil, sua única forma de sobreviver é se tornando imortal.

No filme, essa ideia é utilizada para defender o porquê de Lucy se tornar uma imortal, mas em seu caso acontece justamente o contrário: ela passa a dominar completamente nosso planeta e as regras do universo. Logo, deveria apenas continuar como uma célula mortal.

O filme possui influências claras a Isaac Asimov, principalmente a seu conto A Última Pergunta (inclusive recomendo que você procure e leia, é muito interessante!), onde a ascensão da humanidade se parece muito com a evolução de Lucy, até o momento em que ela se torna uma espécie de deusa.

"-Estou em todos os lugares."

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