Leo é um adolescente cego que, como qualquer adolescente, está em busca de seu lugar. Desejando ser mais independente, precisa lidar com suas limitações e a superproteção de sua mãe. Para decepção de sua inseparável melhor amiga, Giovana, ele planeja libertar-se de seu cotidiano fazendo uma viagem de intercâmbio. Porém a chegada de Gabriel, um novo aluno na escola, desperta sentimentos até então desconhecidos em Leo, fazendo-o redescobrir sua maneira de ver o mundo novo para a vida dele.
Hoje Eu Quero Voltar Sozinho é um filme baseado em um curta-metragem chamado Eu Não Quero Voltar Sozinho (assista aqui), que ganhou mais de 40 prêmios em vários festivais de cinema ao longo de 2010 e 2011. Ambos fora roterizados e dirigidos por Daniel Ribeiro, e estrelados por Ghilherme Lobo, Tess Amorim e Fábio Audi.
O curta possui uma história e uma levada muito bacana, mas a adaptação para o filme não foi das melhores. A princípio, a impressão que se tem é que muitas cenas foram colocadas ali, apenas para alcançar os tão cobiçados 90 minutos. Mas é inegável o fato de que um longa-metragem atinge um público muito maior.
A história se trata do relacionamento homossexual de Leonardo, que é deficiente visual, com Gabriel. Um conto repleto de drama, choro e complicações, correto? Errado! Apesar de o roteiro não ser incrível, sua simplicidade é o grande diferencial que faz com que o filme seja um fator importante para as discussões sobre igualdade que a nossa sociedade vem passando atualmente.
O romance dos garotos não passa de uma história normal, que poderia até ser considerada clichê se o objetivo não fosse exatamente esse. O que acontece na vida amorosa das pessoas? Em geral, elas possuem medos, ciúmes e dúvidas, com um misto de felicidade e, acima de tudo, uma forte vontade de se envolver.
Então por que isso precisa ser diferente, por exemplo, quando se trata de um deficiente físico, ou quando a escolha é se relacionar com pessoas do mesmo sexo? E é esta a resposta que o filme te dá: Não precisa ser diferente.
Hoje Eu Quero Voltar Sozinho foi escolhido pelo Ministério da Cultura para representar o Brasil no Oscar 2015, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, justamente por abordar temas polêmicos com tanta naturalidade. A neutralidade também foi um fator importante para contribuir com a decisão, já que a história poderia se passar em qualquer país, com qualquer tipo de casal e, ainda assim, se manter dentro da proposta.
Os atores merecem destaque por estarem tão à vontade em seus papéis, trazendo verdade e prendendo o interesse do público. Fator muito importante, já que o filme possui um ritmo muito simples. Palmas especiais para Ghilherme Lobo, ele interpretou tão bem o papel de um cego, que alguns críticos internacionais não acreditaram que o ator enxergava de verdade. Esteticamente, o longa ainda possui uma fotografia interessante e uma trilha sonora agradável.
Hoje Eu Quero Voltar Sozinho passa uma sensação de "dever cumprido", nada além disso. Um filme que todos precisam ver para fomentar discussões, mas que, provavelmente, não será lembrado como um grande clássico do cinema brasileiro.