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A história é centrada em Quentin Jacobsen e sua enigmática vizinha e colega de escola Margo Roth Spiegelman. Ele nutre uma paixão platônica por ela. E não pensa duas vezes quando a menina invade seu quarto propondo que ele participe de um engenhoso plano de vingança. Mas, depois da noite de aventura, Margo desaparece – não sem deixar pistas sobre o seu paradeiro.
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"Você vai para as Cidades de Papel e nunca retorna."
O escritor John Green, com todos os seus adolescentes e suas mensagens, se tornou o novo queridinho de Hollywood. Por escrever especificamente para o público de jovens adultos, o autor acabou se tornando referência no nicho, principalmente quando se fala em adaptações cinematográficas. Cidades de Papel (Paper Towns) é o segundo filme a ser adaptado de uma obra dele, tendo a difícil tarefa de ter um sucesso tão expressivo quanto foi o de A Culpa é das Estrelas.
O roteiro foi adaptado do livro homônimo por Scott Neustadter e Michael H. Weber e dirigido por Jake Schreier. No elenco estão Cara Delevingne, Nat Wolff e Halston Sage, entre outros. A música fica sob a responsabilidade de Ryan Lott, enquanto a fotografia é comandada por David Lanzenberg.
O nicho dos jovens adultos (você pode entender melhor sobre ele no CCNCast #4), principalmente nos últimos anos, vem sendo muito explorado no cinema, das mais diversas formas. Seja através de uma garota que se torna o símbolo da revolta de seu país contra a tirania da Capital, seja com uma garota que decide matar todas as pessoas de tédio antes que ela mesma morra de câncer. Apesar de suas características, a categoria de jovens adultos não é um gênero específico, mas sim um nicho que é atendido por vários gêneros.
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Este Cidades de Papel é um bom exemplo de filme que começa com um gênero aparente e se revela, na verdade, como outra coisa. A princípio, o filme apresenta vários elementos de uma dramédia romântica, mas se inclina totalmente para o clima de road movie a partir do segundo ato. O romance logo é abandonado a partir do momento em que Margo "desaparece"; ainda que Quentin, que quer encontrá-la para declarar seu amor, não abandone o espírito romântico.
Infelizmente, a trama não se desenvolve tão bem dentro do que propõe. O espectador é colocado em uma montanha russa, na qual o interesse pela trama varia entre picos e vales, de acordo com o andar da carruagem. Não parece existir uma liga que mantenha os diversos momentos do filme, muito diferentes entre si, unidos. A jornada do protagonista e seus amigos é cheia de situações desinteressantes, em que não existem nem desenvolvimento da trama e nem das personagens.
As atuações não chegam a prejudicar o desenrolar da trama no geral, mas acabam tirando o espectador da cena em alguns momentos. Cara Delevingne, que parece ter sido "A Emma Stone que eles conseguiram", sofre de falta de carisma e coloca Nat Wolff em uma posição em que ele precisa ser carismático pelos dois, para convencer o espectador de que é realmente possível estar tão apaixonado naquelas circunstâncias. Por outro lado, o círculo de amizades do protagonista funciona muito bem. Apesar de nenhum dos atores parecer muito talentoso (quase nem chegam a precisar), todos parecem estar muito confortáveis e passam credibilidade à amizade ali apresentada.
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A trilha sonora, um dos componentes essenciais de um bom road movie, é bastante eficiente. Com músicas típicas do gênero acrescentadas do espírito jovem da trama, esta talvez seja a melhor parte do filme. Não existe nenhuma música que destoe das outras e, apesar de a trilha incidental não ser um espetáculo, a parte sonora se destaca bastante.
Em resumo, Cidades de Papel é um filme interessante, mas cuja execução não chega a metade do nível de sua proposta. De qualquer forma, é uma experiência na qual o embarque é válido, que faz o espectador olhar com carinho (ou até mesmo nostalgia) para a época em que hoje em dia chama de "bons e velhos tempos" e faz uma provocação: viva a vida!