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Kaguya era um minúsculo bebê quando foi encontrada dentro de um tronco de bambu brilhante. Cresceu no campo, com uma vida humilde, mas seu pai conseguiu levá-la para a capital. Passado o tempo, ela se transforma em uma bela jovem que passa a ser cobiçada por 5 nobres e pelo próprio Imperador. Mas nenhum deles é o que ela realmente quer. A moça envia os nobres em tarefas aparentemente impossíveis para tentar evitar o casamento com um estranho que não ama. Mas Kaguya terá que enfrentar seu inevitável destino e punição por suas escolhas.
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O Studio Ghibli é responsável pela produção das animações japonesas mais conhecidas mundialmente, como A Viagem de Chihiro, que foi o único filme de língua não-inglesa a ganhar o Oscar de melhor animação e está entre os melhores filmes da história do cinema. Em 2014 Vidas ao Vento também concorreu nesta mesma categoria, e em 2015 o estúdio conquistou sua terceira indicação.
O Conto da Princesa Kaguya (Kaguya-hime no Monogatari) foi indicado ao Oscar de melhor animação em 2015. O filme foi escrito e dirigido por Isao Takahata, co-fundador do Studio Ghibli, responsável por longas como O Túmulo dos Vagalumes, que fez muito marmanjo chorar por aí.
Takahata nos traz, mais uma vez, uma fantástico drama baseado em uma narrativa japonesa intitulada: Conto do Cortador de Bambu. A história gira em torno de Kaguya, uma bela garotinha que nasceu de um bambu brilhante. Começa sua vida como uma humilde camponesa e, por vontade de seu pai, se muda para uma mansão na capital, para ser reconhecida como uma princesa.
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O traço da animação é uma obra de arte a parte, dá a impressão de que o filme saiu diretamente de um antigo biombo oriental. Possui referência a gravuras japonesas do século XVII, que influenciaram muitas escolas de arte européias, anos mais tarde.
É interessante observar como a direção de arte molda a narrativa. Cores quentes e detalhes fazem parte dos momentos felizes, por outro lado, rabiscos severos e tons pastéis ajudam a pontuar a tensão. Ainda assim, é possível notar a incrível expressão de sentimentos que as personagens passam, coisa que o Studio Ghibli já é muito bem acostumado a fazer.
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É muito justo torcer para que O Conto da Princesa Kaguya conquiste o Oscar de melhor animação, mas o filme possui alguns fatores que dificultam sua escolha pela academia. Primeiramente sua linguagem não é universal, os costumes japoneses estão intrinsecamente ligados a história, o que pode causar um desinteresse por parte daqueles que, simplesmente, não curtem o oriente.
Outro ponto é o desenrolar da narrativa, em si. Não existem, no filme, situações que se resolvam (ou se expliquem) apenas com um diálogo. Está tudo ligado ao desenvolvimento das personagens. A animação é longa (2h17min) e, para algumas pessoas, pode parecer lenta e arrastada.
Não que esses fatores sejam um ponto negativo, muito pelo contrário, é uma experiência muito legal absorver o conto dessa maneira. Contudo, é diferente do modo que os americanos costumam contar uma história, geralmente com aquela velha fórmula que engloba sempre um pouco ação, drama, comédia e romance, deixando o filme mais corrido.
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Enfim, se você já conhece as animações do Studio Ghibli sabe que Kaguya-hime no Monogatari não vai te decepcionar. Mas se não conhece, tenha a certeza de que vale a experiência.
"Venha comigo para algum lugar que não seja este!"
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