Orange is the New Black - 3ª Temporada

SINOPSE
No terceiro ano da série, acompanhamos a luta de Caputo para manter Litchfield aberta, uma nova direção na prisão, um novo esquema criado por Piper e as tramas individuais já características.

Criada por Jenji Kohan, mesma criadora de Weeds, e baseada no livro autobiográfico e homônimo de Piper KermanOrange is the New Black, uma série que mistura humor e drama, teve sua estreia em julho de 2013 e foi uma das primeiras séries originais da Netflix que se tornaram um grande sucesso mundial. Porém, após duas temporadas muito aclamadas pela crítica e pelo público, a série voltou com uma terceira temporada mediana.

Seguindo a mesma estrutura das temporadas anteriores, cada episódio foca em uma personagem, alternando entre acontecimentos em Litchfield e trechos da história pessoal dela. Esse ainda é um dos pontos altos da série. É muito interessante ter essa visão do passado de cada uma e poder ver o que as levou para a prisão ou um pouquinho do que construiu seu psicológico.

As relações interpessoais são o foco da série e são muito bem trabalhadas. Nessa temporada, o convívio das detentas, suas formas de criar laços de amizades e inimizades e as estruturas de poder entre elas continuam sendo bem explorados, assim como suas relações com os guardas e, cada vez mais, a relação entre os próprios guardas.

Um aspecto muito elogiado e que continua forte são as relações homossexuais. Na série existem muitos beijos e inúmeras cenas de sexo entre mulheres. Porém são tratadas com muita naturalidade, retirando as lésbicas do espaços que costumam ser oferecidos a elas: de tabu ou de fetiche.


Por outro lado, essa temporada pecou na forma de retratar as personagens latinas e negras. Após dois anos de sucesso nessa questão, a série agora foi acusada diversas vezes de ser racista por deixar de lado o protagonismo dessas personagens e focar mais uma vez nas brancas.

Considerada por muitos uma série feminista por mostrar lutas das mulheres, OITNB parece ter exagerado e passado do ponto. Na temporada são apresentadas duas cenas muito fortes de estupro, cenas de transfobia e tentativas de suicídio que foram julgadas como irresponsáveis por não existir nenhum aviso sobre elas, mesmo que ajam como gatilhos para acionar traumas: a violência de gênero, seja ela sexual, verbal ou física, e a violência psicológica criam na vítima um trauma muito grande e uma cena tão gráfica como as que foram apresentadas possuem o poder de fazer essa vítima reviver o momento de sua agressão. Ainda que abordem assuntos que fazem parte do universo feminino e que abram espaço para discussões em diversos grupos, cenas assim passam a impressão de estarem ali mais pelo buzz que causam que pela trama, tendo em vista que podem ser abordadas de forma menos explícita e ainda cumprir o mesmo papel dentro da narrativa.

Ainda sobre esse assunto: cenas de estupro sempre são as que mais geram polêmica e as discussões que criam são consideradas por muitos como “mimimi de feminista”. Por essa razão é importantíssimo reforçar que nenhuma mulher está pedindo que cenas desse tipo não sejam exibidas, só que sejam tratadas com responsabilidade: não sejam retratadas tendo em vista apenas o entretenimento (o que é uma coisa doentia), que contribuam efetivamente para a trama e, principalmente, que existam avisos sobre as cenas. Esse cuidado é apenas uma questão de humanidade, empatia e respeito para com vítimas desse tipo de violência.


Voltando à série: as atuações, a trilha sonora e muitos dos diálogos permanecem ótimos. Porém a fotografia passou por uma mudança, tornando-se mais clara e apresentando os cenários já conhecidos a partir de ângulos de câmera e planos diferentes dos que foram utilizados nas duas primeiras temporadas; não chega a incomodar o espectador, mas cria uma estranheza nos primeiros episódios.

Outra mudança notada foi nas tramas, que estão mais fracas, principalmente a que envolve a Piper (Taylor Schilling). Ainda que ela seja a personagem principal, não caiu no gosto dos fãs. Parece que, nessa temporada, a parte da história que foca nela serve como uma tentativa de forçar uma personagem chatagoela abaixo de quem assiste. Felizmente, mesmo que seja a protagonista, ainda existem episódios em que ela recebe apenas meia dúzia de cenas, tendência iniciada na temporada anterior e que todos esperam que continue forte nas que virão.

De forma geral, Orange is the New Blackcontinua sendo uma série boa; mas, comparando a terceira temporada com suas predecessoras, apresentou uma queda na qualidade da trama; que acaba sendo salva por ótimas atuações.
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